Enquanto o país festeja a existência de quase 200 milhões de celulares e o aumento do uso de computadores, pouco se discute o acúmulo de lixo eletrônico provocado pelo consumo crescente desses equipamentos e os perigos do descarte sem cuidados de aparelhos que contém substâncias nocivas como chumbo, mercúrio, cádmio, antimônio ou berílio.
Apesar de o Brasil estar entre os maiores mercados mundiais de celulares e computadores – a própria Anatel comemorou a marca de mais de um aparelho por habitante alcançada há um mês; e o ritmo de crescimento da informática, superior a 20% ao ano, é maior do que a média mundial – não existe uma política nacional para o descarte ou o reaproveitamento desses equipamentos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada este ano pela Lei 12.305, até menciona a responsabilidade compartilhada de fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores na logística reversa desses produtos, mas segue-se à espera da regulamentação sobre o lixo eletroeletrônico para que a norma ganhe efeito prático.
“Cerca de um milhão de computadores são descartados por ano no Brasil. No ano passado, o país produziu 150 mil toneladas de lixo eletrônico, mas não temos uma legislação específica. O que temos são iniciativas muito pontuais de uma ou outra empresa”, alerta o professor do Instituto de Química da UFRJ, Julio Carlos Afonso, que nesta sexta-feira, 3/12, participou do 5º Fórum de Gestão Ambiental na Administração Pública.
“A situação tende a piorar. A vida útil de um televisor, que na década passada já estava entre três e cinco anos, está caindo para dois anos. No caso do Brasil, o ano de 2016 está marcado para o fim das transmissões analógicas, mas temos 150 milhões de televisores de tubo no país. Como cada um deles tem cerca de 4 kg de chumbo, estamos falando de mais de 400 mil toneladas de chumbo. O que vamos fazer para gerir isso?”, provoca o professor.
Doações
Ao menos nos órgãos públicos é comum a prática da doação de equipamentos substituídos, especialmente computadores. No próprio Fórum sobre gestão ambiental na administração, uma das iniciativas destacadas é o recondicionamento dessas máquinas para serem instaladas em telecentros de todo o país, como forma de beneficiar a inclusão digital.
Apesar de aumentarem a vida útil dos computadores, as doações não deixaram de ser criticadas como uma forma dos órgãos públicos se livrarem do que também poderia ser considerado lixo eletrônico. No fim das contas, continuam faltando ao Brasil mecanismos para o reaproveitamento de insumos inerentes aos equipamentos e o descarte inadequado é, no máximo, adiado.
Embora contenham elementos causadores de danos neurológicos, renais, sanguíneos e ósseos, além de problemas como edema e câncer pulmonar – há pelo menos 60 elementos químicos diferentes em um computador, por exemplo – os equipamentos eletroeletrônicos também utilizam como ouro, prata, platina e níquel.
“Uma tonelada de placas de computador ou celulares tem mais ouro do que 20 toneladas de minério”, lembra o professor Julio Carlos Afonso. Mas o Brasil tampouco conta com a infraestrutura necessária para o reaproveitamento desses insumos. Quando se consegue reunir quantidade suficiente de circuitos impressos, por exemplo, eles são despachados para países como Suécia ou Bélgica.
Apesar de o Brasil estar entre os maiores mercados mundiais de celulares e computadores – a própria Anatel comemorou a marca de mais de um aparelho por habitante alcançada há um mês; e o ritmo de crescimento da informática, superior a 20% ao ano, é maior do que a média mundial – não existe uma política nacional para o descarte ou o reaproveitamento desses equipamentos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada este ano pela Lei 12.305, até menciona a responsabilidade compartilhada de fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores na logística reversa desses produtos, mas segue-se à espera da regulamentação sobre o lixo eletroeletrônico para que a norma ganhe efeito prático.
“Cerca de um milhão de computadores são descartados por ano no Brasil. No ano passado, o país produziu 150 mil toneladas de lixo eletrônico, mas não temos uma legislação específica. O que temos são iniciativas muito pontuais de uma ou outra empresa”, alerta o professor do Instituto de Química da UFRJ, Julio Carlos Afonso, que nesta sexta-feira, 3/12, participou do 5º Fórum de Gestão Ambiental na Administração Pública.
“A situação tende a piorar. A vida útil de um televisor, que na década passada já estava entre três e cinco anos, está caindo para dois anos. No caso do Brasil, o ano de 2016 está marcado para o fim das transmissões analógicas, mas temos 150 milhões de televisores de tubo no país. Como cada um deles tem cerca de 4 kg de chumbo, estamos falando de mais de 400 mil toneladas de chumbo. O que vamos fazer para gerir isso?”, provoca o professor.
Doações
Ao menos nos órgãos públicos é comum a prática da doação de equipamentos substituídos, especialmente computadores. No próprio Fórum sobre gestão ambiental na administração, uma das iniciativas destacadas é o recondicionamento dessas máquinas para serem instaladas em telecentros de todo o país, como forma de beneficiar a inclusão digital.
Apesar de aumentarem a vida útil dos computadores, as doações não deixaram de ser criticadas como uma forma dos órgãos públicos se livrarem do que também poderia ser considerado lixo eletrônico. No fim das contas, continuam faltando ao Brasil mecanismos para o reaproveitamento de insumos inerentes aos equipamentos e o descarte inadequado é, no máximo, adiado.
Embora contenham elementos causadores de danos neurológicos, renais, sanguíneos e ósseos, além de problemas como edema e câncer pulmonar – há pelo menos 60 elementos químicos diferentes em um computador, por exemplo – os equipamentos eletroeletrônicos também utilizam como ouro, prata, platina e níquel.
“Uma tonelada de placas de computador ou celulares tem mais ouro do que 20 toneladas de minério”, lembra o professor Julio Carlos Afonso. Mas o Brasil tampouco conta com a infraestrutura necessária para o reaproveitamento desses insumos. Quando se consegue reunir quantidade suficiente de circuitos impressos, por exemplo, eles são despachados para países como Suécia ou Bélgica.
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