"O João Pedro acha que a vida é touchscreen, tenta controlar tudo tocando na tela e nem olha para o teclado."
É
assim que a engenheira Katia Ferreira, 40, fala da relação de seu filho
caçula, de 4 anos, com o mundo digital. O interesse de pequenos como
João Pedro pela tecnologia suscita a pergunta: há idade mínima para uma
criança ter seu primeiro computador?
Para
o psicólogo Rodrigo Nejm, da ONG Safernet Brasil, a resposta passa
primeiro pela avaliação dos pais sobre a maturidade do filho: "O
importante é nunca perder de vista que o computador te conecta à maior
praça pública do planeta, que é a internet".
"E, como você não deixaria seu filho sozinho na rua, não deve deixá-lo sozinho na internet", acrescenta Nejm.
O
professor Nelson Pretto, que estuda educação e tecnologia na UFBA
(Universidade Federal da Bahia), concorda que esse acompanhamento é
necessário até que a criança tenha compreensão de que a internet oferece
riscos.
Mesmo com a ressalva, ele destaca a importância do uso dos recursos eletrônicos pelos pequenos.
"A
tecnologia tem um papel fundamental na formação das crianças. Formamos
nossos jovens para viver no mundo contemporâneo. E esse mundo é cercado
de tecnologia", defende Pretto.
E, mesmo que o filho tenha o próprio computador, os pais devem sempre tentar monitorá-lo on-line.
AO ALCANCE DA VISTA
Nesse
sentido, Nejm recomenda deixar o computador na área comum da casa. Para
a criança ter computador no quarto, "somente a partir de uns 10, 11
anos, após ter sido acompanhada pelos pais desde os cinco, seis",
indica.
Os
especialistas ressaltam que não há uma idade mínima para usar
computador, mas chamam a atenção para o equilíbrio entre as atividades
da criança.
"O
computador deve ser usado para somar, e não para substituir as
brincadeiras e obrigações infantis. Se ela só quer ficar no computador,
não sai de casa, não brinca com outros garotos, certamente essa relação
está sendo prejudicial", alerta Nejm.
UMA HORA POR DIA
Para
Pretto, "quanto menor a criança, menor deve ser o tempo para ela usar o
computador". Na avaliação dele, o ideal é não passar de uma hora por
dia até ao menos os dez anos de idade.
A
arquiteta Sabrina Zenario, 37, tem tudo isso em mente quando sua filha
Catarina, 6, pede para visitar o site da Barbie, seu preferido. "Estou
sempre junto. Ela só usa com a supervisão de um adulto".
O
computador que elas usam fica na sala e, oficialmente, pertence a toda a
família. Mas Catarina tem outra opinião. "Ah, ela sempre diz que o
computador é dela", reconhece a mãe.
Cuidados essenciais: como evitar riscos para crianças na internet
Um
estudo feito pela empresa de segurança Norton no ano passado já dá uma
dimensão do problema: 62% das crianças e jovens que acessaram a internet
no mundo tiveram pelo menos uma experiência negativa on-line.
A
pesquisa, que ouviu 2.800 jovens de 8 a 17 anos em 14 países, mostra
que 41% receberam convites de amizade por parte de desconhecidos em
redes sociais, 33% baixaram pragas virtuais, 25% viram imagens de nudez
ou violência e 10% foram convidados para encontros no mundo real.
Fica
claro que, com o primeiro computador. surgem mais responsabilidades
para os pais. Nas mãos da criançada, o equipamento pode ser uma janela
para problemas.
Outro
levantamento, divulgado ontem pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil,
mostra que 21% dos pais ou responsáveis por crianças de entre cinco e
nove anos não controlam nem restringem o que elas fazem na rede.
O
estudo, feito nas cinco regiões do Brasil, em áreas urbanas e rurais,
mostra que 40% orientam os filhos sobre o uso da web, enquanto 15%
bloqueiam sites impróprios.
O
tema merece bastante atenção. A Norton mostrou que as crianças
brasileiras são as que mais passam tempo on-line. Na média, são 18,3
horas por semana, deixando para trás países como Alemanha e EUA.
Muitas
são as fontes de perigos. O contato com o conteúdo impróprio, como
violência e pornografia, talvez seja a mais conhecida delas. Uma
pesquisa da Kaspersky, publicada no ano passado, mostrou que a cada
minuto existem 3.000 tentativas de acesso a conteúdo pornográfico por
parte de menores.
Já
blogs e redes sociais potencializam o contato com estranhos e a
publicação de dados pessoais. Em um estudo com 875 jovens brasileiros, a
ONG Safernet mostrou que 73% deles compartilharam fotos e 80% revelaram
o nome.
CIBERVÍCIO
Outros dois problemas podem ser o ciberbullying e o vício em internet.
Ainda
segundo a Safernet, 38% das crianças sofreram ciberbullying. Ou seja,
foram alvo de humilhações e ataques na internet promovidos por gente
próxima, quase sempre colegas de escola.
Já
a dependência em relação à rede é um problema que ataca cerca de 10%
dos internautas de todo o mundo, estima Cristiano Nabuco, psicólogo que
coordena um grupo do Hospital das Clínicas que trata dependentes da web.
Com a expansão do mercado móvel, mais uma frente de batalha surgiu para os pais: as compras indevidas em lojas de aplicativos.
Em
fevereiro deste ano, a FTC, agência que protege os consumidores dos
EUA, decidiu investigar a App Store depois de receber reclamações por
parte de pais furiosos com compras acidentais.
Para
combater tudo isso, não adianta só instalar um antivírus no computador.
É necessário conversar e ouvir a criança, botar a mão na massa e
navegar com ela.
Fonte: Safernet Brasil
Fonte: Safernet Brasil
Adorei seu post, foi muito esclarecedor :)
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